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Colóquio internacional multidisciplinar Paisagens vegetais e biodiversidades do Caribe MARTINICA dezembro de 2010 Fougères arborescentes, Guadeloupe. Photo F.Palli Coordenadores Científicos do Colóquio Version en français Version en espagnole sur le site Montraykreyol Parceiros: proposta a refinar Comitê cientifico e de leitura: Proposta (completar ou especificar)
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Questão e objetivos
A paisagem é um objeto que remete à materialidade1 assim como à imaterialidade2 dos territórios. Foi então com seus imaginários «semeados» pelas dinâmicas dos meios físicos e biológicos que diversos povos construíram suas «trajetórias civilizacionais». Em conseqüência disto, a paisagem deve ser considerada como um complexo onde interagem, em todos os níveis de integração, os diferentes aspectos da litosfera3, da hidrosfera, da biosfera e da noosfera4.
Na realidade, para a análise do território é necessária a exploração do geossistema e dos modos de utilisação antrópica dos biótopos que, em função das zonas geográficas, são resultado de uma domesticação ou de uma contenção mais ou menos longa. A dificuldade reside na complexidade estrutural e funcional dos componentes territoriais mas também na complexidade de suas relações « de interfaces».
Dois elementos devem ser considerados, o espaço, por conta de seus descritores plurais, e o tempo, pela multiplicidade de seus ritmos: isso em todas as escalas pertinentes. Nesta perspectiva, uma pesquisa voltada para a Paisagem ou para o «Sistema-Paisagem» implica um conhecimento de seus componentes sem perder de vista seu caráter sistêmico. Qualquer que seja a relação de importância que exista entre as «produções humanas» e «as produções naturais», a paisagem revela as características ecossistêmicas dos meios. No que diz respeito à vegetação, esclarecer as hierarquias estruturais e funcionais da espécie5 à paisagem6 assim como os modos de antropisação de todos estes graus da biodiversidade é um trabalho prévio imprescindível. De maneira geral, a diversidade das comunidades florísticas alimenta o imaginário das populações. Desde a origem, as paisagens foram arquitetadas pelas sociedades sucessivas e constituem um quadro de análise pertinente.
As entidades geográficas da Bacia do Caribe possuem conjuntos paisagísticos cujas diversidades biológicas têm importância planetária7. As paisagens vegetais das ilhas, do istmo e da costa do continente são compostas de numerosas unidades fisionômicas. As formações herbáceas, arbustivas, pré-florestais e florestais variam do seco ao úmido, passando por toda uma série de intermediários biocenóticos. A aventura humana nestas terras da América se traduziu ou pela «insularização» das florestas originais, especialmente no arquipélago, ou por modificações profundas de suas estruturas e de suas funções. Resultou em uma erosão notável da diversidade específica e uma perda significativa de capacidade de resiliência. Todavia, nas relações quase simbióticas, estes bio-sistemas silvestres foram os meios de vida dos ameríndios.
Nas sociedades caribenhas o mundo vegetal ainda é um elemento primordial. Seu caráter plurifuncional é devido à diversidade dos tipos morfológicos, ou seja, de fitocenoses. Com relação à auto-organização biológica e da “energia” antrópica, essas últimas são metastáteis. Elas constroem, ao longo do tempo, as paisagens floris e permitem numerosas práticas humanas, vernaculares e científicas. Território de interesses exarcebados e de uma pluralidade de usos materiais e imateriais, a vegetação dessa região das Américas é cada vez mais artificial. A exploração econômica das fontes de madeira e de flores está inscrita frequentemente nas práticas da “extração mineral”.
As conseqüências em termos de vulnerabilidade demográfica de espécies assim como os efeitos induzidos como a erosão e a queda de fertilidade dos solos é cada vez mais preocupante. Os ecossistemas vegetais são cada vez menos cultiváveis e podem acentuar os impactos naturais e antrópicos, como a ocorrência de furacões e de outras espécies invasivas. Visto alguns elementos, essa temática se revela de uma grande importância cientifica notadamente tratando-se do papel dessa região de grande diversidade biológica no seio de uma biosfera atingida pela degradação de todo tipo.
Um balanço dos conhecimentos científicos e técnicos das paisagens vegetais parece primordial. Tratar-se-à de abordar as problemáticas ligadas à sua organização estrutural, ao seu funcionamento ecossistêmico e à sua evolução. Essa aqui condicionada tanto pela dinâmica das sociedades humanas quanto por aquela dos ambientes biológicos e físicos. As interações homem-vegetaçao serão, em parte, aproximadas pelo aspecto das percepções e das representações. Os universos simbólicos subseqüentes provém das modalidades de apropriação, de aprisionamento mesmo de domesticação da vegetação em todos os níveis de integração: da espécie ao ecossistema passando pela biocinese. Do olhar da importância das paisagens na gestão da biodiversidade, as reflexões se concentrarão ao redor das problemáticas de carregamento e de desenvolvimento futuro no quadro da mundialização e da mudança climática.
Esse colóquio multidisciplinar dará um lugar importante aos especialistas das ciências humanas e da gestão territorial. Ele reunirá naturalistas biogeógrafos, geógrafos, ambientalistas, urbanistas, botânicos, ecologistas, etnobiológos, etnobotânicos, antropólogos, sociólogos, filósofos, lingüistas, literatos, economistas e juristas. Os aspectos plurais das paisagens vegetais assim como aqueles das escalas inferiores da biodiversidade floril estarão no centro dos desenvolvimentos. O objetivo primeiro é explorar a dimensão biofísica dos grupos floris caribenhos, seus modos de humanização, suas representações, seus valores econômicos e suas evoluções naturais e/ou antrópicas.
Enfim, a comparação com outras áreas geográficas tropicais e temperadas em termos de funcionamento ecológico e de gestão enriquecerá as problemáticas e as metodologias relativas às paisagens vegetais do Caribe. Nessa perspectiva, com a ajuda de alguns exemplos, entre os mais significativos, serão consideradas as descrições e as análises globais.
Os temas seguintes não são definitivos, entretanto guiarão as contribuições
Os estudos propostos deverão ser setoriais ou holísticos e considerados os casos concretos tanto quanto as sínteses globais notadamente teóricas.
Tema 1
Estrutura, funcionamento e dinâmica das composantes das paisagens vegetais
Sendo que o Caribe concerne muitos dados provindos de programas nacionais e internacionais, existindo sobre sua organização estrutural e nos processos funcionais das composantes da paisagem. Tratar-se-à, aqui, de trabalhar sobre os resultados de recentes trabalhos e de colocar em perspectiva as problemáticas e as metodologias dos diversos campos disciplinares que regrupam as ciências naturais tais como a biogeografia, a ecologia, a biologia, a botância e de maneira geral a ecologia das paisagens e a biologia da conservação.
- Quais são as características estruturais e as modalidades funcionais dos ecossistemas caribenhos?
- Quais são os principais determinantes fatoriais subjacentes de sua gênese e de sua cronologia?
- Qual é o estado de sua diversidade floril em todos os níveis de complexidade ou integração?
- Quais são os aspectos singulares da dinâmica biocenótica?
- Quais são os modelos que dão conta da complexidade espaço-temporal dessas paisagens vegetais e portanto dos ecossistemas, considerando a biomassa, os fluxos de energia e de matéria, os descritores estruturais, arquiteturais e demográficos, o conjunto dos processos dinâmicos e os aspectos autoecológicos e sinecológicos?
- Quais são os efeitos plausíveis da mudança climática planetária e/ou das espécies introduzidas notadamente aquelas que se tornam invasoras?
Tema 2
Proteção, conservação, carregamento, gestão, valorização
das paisagens vegetais
e das fontes assiciadas
Bégonias, Martinique. Photo F.Palli
As problemáticas de proteção na ótica de uma gestão dominada pelas biodiversidades redirecionam-se à biologia da conservação assim como ao direito e à economia. As ferramentas de planificação territorial durável baseadas no restabelecimento de um equilíbrio mínimo entre os meios e sociedades deverão integrar todas as modalidades da conservação da biodiversidade nos espaços rurais e urbanos. Segundo os países dessa região, as fontes vegetais, da madeira à complexidade ecossistêmica, são frequentemente o território de atividades mercantis diversas das quais algumas são ilegais: indústria da madeira e das plantas destinadas ao artesanato, energia, coleções vegetais de espécies raras ou pouco comuns, culturas de plantas frutíferas, farmacopéias tradicionais (plantas medicinais e aromáticas), florestaria, ecoturismo e turismo verde, agricultura, etc.).
- Quais são os procedimentos administrativos adequados para uma proteção perene das formações floris patrimoniais notadamente as silvas maduras?
- Quais são as potencialidades econômicas e os tipos de valorização das fontes ecossistêmicas?
- Em que medida as formações floris secundárias de interesse ecológico podem ser reforçadas pelo enriquecimento floril?
- Quais são os limites da destruição dos tapetes vegetais com relação à empreitada ecológica das sociedades?
- Quais adaptações ou ainda quais métodos de atenuação ao olhar das perturbações climáticas e das espécies introduzidas das quais algumas são potencialmente invasivas?
- É preciso ter uma escala comum de gestão dos ecossistemas e das paisagens do Caribe visando a preservar e a valorizar com eficácia todos os aspectos da biodiversidade?
Tema 3
Percepção, representação e usos imateriais das paisagens vegetais
Desde a descoberta das Américas, as relações com o espaço das sociedades caribenhas permitiram a edificação de “universos” simbólicos associados à saberes agrários e ambientais específicos. Os modos de aprisionamento dos meios, originalmente florestais, arquitetaram singularmente as paisagens. A floresta foge e fica uma fonte de inspiração e um quadro de análise para um bom número de escritores, de poetas e de especialistas das ciências humanas. Por outro lado, em outro nível, as ilhas das Antilhas foram o lugar de elaboração de línguas novas ditas “creoulas”, isso no interior de um ecossistema produzido no meio natural entre espécies concorrentes. Uma disciplina nova, a ecolinguistica, se encarrega dessas problemáticas e o meio creoulo é um de seus principais campos de persquisas.
- Quais são as características dessas percepções e representações?
- Quais são as mutações operadas no seio dessas últimas desde a colonização?
- Qual é a importância da vegetação no imaginário desses povos e nas línguas regionais?
- Como analisar a “guerra das línguas” no seio do ecossistema lingüístico das Antilhas?
- Competição lingüística/ competição vegetal: pode-se estabelecer analogias que permitiriam repensar certos aspectos da lingüística e da biogeografia?
Tema 4
Ecologia e administração comparadas das paisagens vegetais da bacia caribenha,
do mundo temperado e de outras regiões tropicais.
Os diferentes aspectos desenvolvidos abaixo podem se endereçar ao conjunto da biosfera humana. Entretanto a interferência entre homens e meios varia de uma região à outra por causa de “trajetórias civilizatórias” ou culturais diferentes. No quadro de uma análise comparativa, será necessário mostrar as particularidades geográficas em termos de conhecimento, de conservação, de gestão e de valorização das paisagens das outras zonas tropicais e dos bioclimas temperados.
- As estruturas e as dinâmicas dos meios biofísicos provém de leis naturais.
- Imaginários, percepções et representações.
- Pedosfera inclusa.
- Produções intelectuais do Homem: produção de próteses que facilitam os desregulamentos ambientais, sistemas de percepções e de representações.
- Associada à ecótope.
- Ligado ao mésoclimat.
- As Antilhas fazem parte de um dos hotspots de biodiversidade mundial: o das Terras que compõem a Bacia do Caribe.